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Nasceu a 2 de Fevereiro de 1946 em Kayes (Mali), onde frequentou a escola primária. Mais tarde mudou-se para Bamako e Dakar, mas regressou ao Mali para fazer os seus estudos superiores de História na Universidade de Bamako (1965-1969) e na Universidade de Varsóvia (Polónia), entre 1971 e 1975, onde tirou o doutoramento em História e Arqueologia com uma dissertação sobre o desenvolvimento da agricultura na bacia superior do rio Níger entre os séculos XIII e XVII, período florescente do Império Mali.
Entrou na vida política muito jovem, tendo sido escolhido em 1967 como secretário-geral da juventude US-RDA (Union Soudanaise-Rassemblement Démocratique Africain), o partido de Modibo Keïta na Escola Superior de Bamako.
Voltou a Bamako, onde trabalhou como professor de História contratado pelo Ministério da Cultura e também foi presidente do Conselho dos Museus até Maio de 1978. Nessa época foi nomeado pelo chefe do Governo militar, como general Moussa Traoré, Ministro da Juventude, do Desporto, da Arte e da Cultura. Em Agosto de 1980 Konaré renunciou ao seu posto no Governo, mostrando assim o seu desacordo com a perpetuação no poder de Traoré, que se tinha nomeado presidente constitucional numas eleições de candidatura única no ano anterior. Konaré voltou novamente às suas actividades académicas e concentrou-se na promoção de eventos culturais.
Durante os anos seguintes também se dedicou ao jornalismo: foi editor da revista Jamana e do diário independente Les Echos, que foi fundado por si em 1984. Também foi consultor da UNESCO no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Agência de Cooperação Cultural e Técnica. Foi ainda presidente da Associação África Ocidental de Arqueologia.
Em 1986 retomou a actividade política, fundando a Frente Nacional Democrática e Popular, que coordenou clandestinamente com outras organizações da oposição, uma vez que a União Democrática do Povo do Mali (UDPM), o partido Traoré, era o único partido legal na altura.
Dentro do quadro legal do regime, Konaré foi presidente da Mútua de Trabalhadores da Educação e da Cultura (MUTEC) em 1987 e, novamente, do Conselho de Museus desde 1989.
Em 1990, participou na criação da associação ADEMA Aliança pela Democracia no Mali, um partido de centro-esquerda que aderiu à campanha de greves e protestos não violentos contra o regime de Traoré.
A 26 de Março de 1991, o tenente-coronel Amadou Toumani Touré executou um golpe de Estado e planeou, juntamente com a junta militar, um cronograma para a criação e implementação de um quadro constitucional plural; prometeu convocar eleições no prazo de um ano. A ADEMA constitui-se como partido a 26 de Maio de 1991 e Konare participou na Conferência Nacional, que entre Julho e Agosto projectou os instrumentos legais do futuro regime democrático. Nesse mesmo ano fundou a Rádio Bamakan3, a primeira rádio associativa do Mali.
Nas eleições legislativas de 23 de Fevereiro e na segunda volta, celebrada a 8 de Março de 1992, o partido Konaré, a ADEMA, conseguiu 76 dos 116 assentos na Assembleia Nacional. Nas eleições presidenciais de 12 e 26 de Abril, Konaré ganhou com 69% dos votos a Tieoulé Mamadou Konaté, o seu adversário imediato da União Sudanesa - Reagrupamento Democrático Africano (US-RDA). A 8 de Junho, a junta de Touré entregou o poder a Konaré, que se converteu, com um mandato de cinco anos, no primeiro Presidente do Mali eleito democraticamente desde a independência de França em 1960.
Ao longo dos seus 10 anos de Governo, Konaré, considerado como um dos líderes africanos mais comprometidos com o desenvolvimento do seu país, que está entre as dez nações com indicadores mais fracos de desenvolvimento humano no mundo, tentou que este fosse sustentável, mas também equilibrado no esquema das regiões. Vários programas de desenvolvimento socioeconómico foram financiados conjuntamente pela União Europeia e por França, enquanto o Fundo Monetário Internacional, confiando na austeridade financeira da gestão de Komaré e apesar das graves deficiências no sistema tributário de Mali, financiou um programa de ajustamento estrutural cujo primeiro passo foi a introdução de um imposto uniforme sobre o consumo em 1993.
Em Março de 1996, o Governo conseguiu a estabilidade territorial com a paz na zona mais a norte do país e o acolhimento dos Movimentos das Frentes Unificadas de Azawad (MFUA), reunindo três organizações armadas tuaregs e combatentes songhai do movimento Ghanda Koy. Estes tinham travado combates violentos com o Exército desde 1994. Foi aceite a oferta do Governo para o desarmamento e reintegração no exército de Mali.
Apesar do crescimento económico favorável do país durante a década de 1990, houve muitos protestos sindicais devido à privatização de algumas empresas públicas. As eleições legislativas de 20 de Julho e a 3 de Agosto de 1997 foram realizadas num ambiente muito tenso devido aos actos de violência, as detenções policiais de opositores e o boicote praticado a 18 partidos, e terminaram com uma maioria absoluta para o ADEMA com 128 lugares.
Nas eleições presidenciais de 11 de Maio do mesmo ano, Konaré conseguiu a reeleição improrrogável até 2002, com 95,5% dos votos contra Mamadou Maribatourou Diaby, do Partido da Unidade, Desenvolvimento e Progresso (PUDP), o único partido da oposição, após a retirada do processo de oito candidatos, que tinham acusado o poder de uma eleição pouco clara.
Em relação à política externa, Konaré desempenhou um papel destacado em diversas ocasiões. Foi mediador na crise na República da África Central e da República Democrática do Congo (na altura, Zaire) em 1997. As tropas do exército do Malo fizeram parte da Missão Inter-Africana da Monitorização da Implementação dos Acordos de Bangui (MISAB) e da seguinte em 1998, da Missão das Nações Unidas para a República da África Central (MINURCA), assim como das forças de paz (Ecomog) da Comunidade Económica dos Estados África Ocidental (CEDEAO), na Libéria, Serra Leoa e Guiné-Bissau.
Em 1999, foi eleito presidente anual da CEDEAO, que teve o seu primeiro parlamento em 2000 com sede
Durante esses anos, a economia progrediu, enquanto se lutava contra a corrupção e era pedido às instituições internacionais de crédito o perdão ou facilidade de pagamento de parte da dívida externa (cerca de 3 mil milhões de dólares). No entanto, o partido de Konaré entrou em crise devido às lutas internas entre o primeiro-ministro Ibrahima Boubacar Keita e o Ministro das Finanças Soumaïla Cissé. Em 2000, Keita deixou as suas funções no Governo e, em Dezembro, o grupo Cissé conseguiu a chefia do partido e a nomeação presidencial para suceder a Konaré nas eleições de 2002.
Estas eleições foram realizadas entre 28 de Abril e 12 de Maio de 2002; foram à segunda volta o ex-presidente militar Amadou Toumani Touré e o candidato do Governo Soumaïla Cissé. Amadou Toumani Touré venceu esta segunda volta com 64,35% dos votos.
O último acto de Konaré no Governo foi conceder o perdão presidencial ao ex-ditador Traoré, mas este recusou-o e continuou preso a cumprir a sua sentença.
Fonte: Wikipedia