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A Casa África expõe a coleção africana de Saro León
Os trabalhos têxteis de Abdoulaye Konaté, os peculiares retratos de Malick Sidibé ou a pintura do ganês Owusu Ankomah são algumas das opções presentes na próxima exposição da Casa África, denominada Telas de luz, que se inaugura amanhã na sede da instituição e mostra obras de artistas africanos contemporâneos que fazem parte da coleção internacional da galerista canária Saro León. Este primeiro projeto de exposição da Coleção Saro León enquadra o trabalho de sete artistas contemporâneos de origem africana cujas obras foram elaboradas nos campos da fotografia, das telas bordadas, da pintura sobre tela, do vídeo e da escultura. Os artistas referidos são Owusu Ankomah (Gana), Mama Casset e Amadou Makhtar Mbaye, conhecido como Tita (Senegal), Abdoulaye Konaté e Malick Sidibé (Mali), Michèle Magema (República Democrática do Congo) e Barthélémy Toguo (Camarões).
O título da mostra faz referência à luz como base da fotografia e do vídeo, como alumbramento, como a capacidade dos artistas produzirem novos horizontes. Também é a luz que emana a obra destes sete criadores, que se caracterizam por um amplo sentido de compromisso com a sua história e com o presente. Telas de luz não só permite ver juntas as peças destes sete reconhecidos nomes da arte contemporânea africana, como também permite, ao mesmo tempo, reconhecer o trabalho de colecionismo que a galerista Saro León tem feito nas Canárias. Desde meados dos anos 90 que Léon tem embarcado juntamente com o comissário desta exposição, Orlando Britto Jinorio, em diversas viagens a África, nas quais aprofundou o conhecimento da arte contemporânea do continente através de eventos como a Bienal de Fotografia de Bamaco ou a Bienal de Dakar. Tanto a nível das canárias como a nível nacional, pode considerar-se Saro León uma pioneira em incorporar e normalizar a presença de artistas contemporâneos de origem africana, junto a outros artistas internacionais, no projeto da sua galeria.
A exposição Telas de Luz mostrará uma série de treze fotografias de Malick Sidibé, entre as quais se destacam as suas séries de retratos de costas. Sidibé é a figura viva mais sobressaliente da fotografia contemporânea do Mali, com uma projeção indiscutivelmente universal, e o seu Studio Malick, ainda ativo no bairro popular de Bagada ji, em Bamaco, é hoje em dia um lugar de peregrinação para os amantes da fotografia. Expõem-se igualmente sete telas da sua compatriota Abdoulaye Konaté, que se caracterizam pela sua singularidade criativa e força poética. O senegalês Tita está representado por um teatro-caixa, um autêntico “teatro da memória” em que se representam relatos da história do Senegal dos séculos XII e XIII com material reciclado.
Podem ver-se igualmente os retratos de Mama Casset, fotógrafo senegalês da denominada geração dos anos 50 do seu país, que teve uma grande influência na iconografia da pintura sobre cristal senegalesa. Estará presente uma importante pintura de Owusu Ankomah, que a partir de um extraordinário trabalho sobre o corpo humano, como referência à Humanidade, estabelece um diálogo universal através dos horizontes simbólicos das marcas das culturas do mundo, traspassando as fronteiras culturais e estéticas a favor de um ideal humano universal. Junto a estas, a vídeo-performance de Michèle Magema navega entre os conceitos da terra de origem e de acolhimento e destaca a perspetiva feminina num mundo contemporâneo mestiço. A mostra é finalizada com o trabalho em escultura e fotografia de Barthélémy Toguo, centrado nas migrações dos povos, nas fronteiras e identidades.
A exposição, que se pode visitar na Casa África a partir de amanhã, às 20h00, estará aberta ao público até ao próximo dia 1 de março. Uma grande oportunidade para constatar o alto nível da arte contemporânea africana e ver reunidas peças de artistas já reconhecidos por todo o mundo.